quarta-feira, 25 de julho de 2012

Nudez e Abandono

  Ainda uma adolescente. Na casa dos pais, com planos de estudar fora do país, estudar ballet e tudo mais. Ainda brinca de boneca, mas já é capaz de sentir na pele, o calor de uma paixão. Ela tem 16 anos, ele 20. Ela olha para ele por inteiro, ele apenas a "deseja". Ela sente carinho por ele, ele quer avançar, para ele nada tem consequências.
 Ela está disposta a entregar-lhe tudo, até a sua nudez. Ele só conhece a história até a parte do abandono. Com ela morará a vergonha. Com ele, só uma trama da qual se pode descartar. Ela dá-lhe a sua nudez, ele em troca: o abandono.
  Quantas vezes dei a minha "nudez" por uma amizade, e ao final senti-me um menor abandonado. Parecendo uma adolescente que não escuta o pai e acaba entregando seu corpo ao primeiro espertalhão, mascarado de príncipe encantado. Ela sonha, ele apenas goza com a cara dela. Ele é tudo para ela, mais importante que os pais, mais importante que o seu próprio corpo, ela está surda. Para ele, ela não representa nada, ele nem sabe quem é, não sabe que ela é filha de alguém, não sabe que o corpo dela é um templo, coberto de mistérios que só se desvendam com uma chave que se chama: "Para tudo há um tempo determinado debaixo do céu".
 Quantas vezes, ficamos "surdos", obstinados ouvimos nosso enganoso coração, vai-se a nossa nudez, mostramos todo o nosso reino, em troca recebemos o abandono.
  Jogamos oportunidades fora, fechamos portas que estavam escancaradamente abertas. Tudo porque não soubemos preservar a "nudez" dos nossos sonhos, planos e pensamentos. Dividimos coisas que precisam estar conosco por inteiro, compartilhamos o que precisa estar guardado dentro de nós.
  Agradeço a Deus pela minha esposa a quem dei a nudez da minha alma, e por ela fui abraçado ainda muito jovem. Louvo ao Deus que fez os céus, pela minha mãe, que já não vê a minha nudez física, já não precisa trocar-me as fraldas, mas ainda toca meu coração com seu amor, como se eu ainda fosse uma criança. Dedico toda minha fé a Jesus, a quem dei meu coração nascido para morrer e que pôs em mim o selo da Eternidade. Ao Pai do céu que ao contemplar minha nudez, por vezes ferida, cuida de mim, sem de mim se envergonhar. Ao pai da terra que mesmo sem compreender minha nudez, jamais me abandona.

  Coberto pelo Sangue de Jesus
  Andre Luiz
   

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