quinta-feira, 4 de junho de 2015

Um Flerte com o Ódio

   Encontrei-me com o ódio um dia desses. Flertamos..  não que eu quisesse, quando me dei conta estava sobremaneira envolvido. O que tinha o ódio de tão interessante para me sentir atraído? 

   Ele tinha os olhos vidrados, a boca tremia, pele vermelha como a de um pimentão, aparência pior não conhecia, até que deixei que ele se apresentasse (como se eu não o conhecesse).

  "Eu sou aquela decepção que você teve há tempos, sou o ressentimento daquele dissabor passado, sou aquela expectativa frustrada, não se lembra? Lembra daquela palavra de derrota recebida? Ali eu nasci, na minha infância recebi a mentira como um presente que não se dá a ninguém, na adolescência fui o amor não correspondido, na fase adulta eu fui a incompreensão, hoje sou velho e me chamo Ódio"

  Naquele momento percebi que o ódio ganhou meu coração porque trouxe emoções não resolvidas, trouxe lembranças ruins não cicatrizadas. Entendi que até o ódio cumpre planos importantes dentro de mim. Não quero mais me aproximar do ódio, para isso, preciso visitar o passado, limpar o leite derramado, lavar a alma, renascer da água e do Espírito.

  Se o ódio bater a minha porta não vou abrir, mas vou saber que existem assuntos pendentes para serem tratados, será como a febre que indica que algo não vai bem dentro de mim. Não sei se aprendi toda a lição, pode ser que eu esbarre em quem ainda não tenha conhecido o ódio e não tenha se resolvido das emoções adoecidas.

  Tenho a sensação firme de que não é por acaso que às vezes o ódio nos assedia. É o grito da alma em busca de socorro urgente. O Clamor do Náufrago dentre as voragens do mar da vida. O ódio não existe para ser sentido, mas para ser compreendido. Assim vamos aprendendo quem somos nós e quem são os outros.

  Tempo de reflexão
  Tempo de Cura
  André Luiz

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