sábado, 19 de maio de 2012

Em compensação...

Tem gente que não bebe e não fuma, em compensação mente tanto que nem sente. Tem mulheres que são discretas na maquiagem, mas em compensação falam mal da vida alheia. Tem gente que usa adoçante no café, mas em compensação come até não poder mais antes desse café. Tem homens que fingem ser educados com suas esposas na frente dos outros, em compensação são estúpidos dentro de casa. Tem funcionário que bajula o patrão, em compensação leva cantetas do trabalho, afinal ninguém vai notar. Tem gente que adora fazer piada com os outros, mas em compensação quando é com ele, não gosta nem um pouco. Tem gente que é capaz de chorar a dor de alguém, em compensação incapaz de alegrar-se pelo êxito desse mesmo alguém. Tem gente que critica a todos, em compensação quando é criticado não aceita. Tem gente que não tolera ser maltratado por alguém de patente superior, mas em compensação humilha o garçom do restaurante da esquina. Tem gente que preza por ter seu banheiro limpo, mas em compensação não pensa nisso quando usa um sanitário público. Tem gente que pensa que faz grande caridade dando para os outros somente o que sobra, em compensação é incapaz de dividir o próprio pão. Tem gente que não suporta esperar pelos outros, mas em compensação quando é com ele tem sempre boa justificação. Tem gente que reclama que ninguém liga pra ele, em compensação ele nunca liga pra ninguém. Tem gente que sabe ser rei diante dos homens, mas em compensação não sabe ser pai diante dos filhos, ótimos profissionais, péssimos maridos, bons provedores, maus amigos, muita ideologia, pouco amor ao próximo, sendo a farinha pouca, meu pirão primeiro, na mazelas da vida, antes os outros do que nós. Mesmo diante do dom da vida, dizemos que cansamos de sermos bons. Dizemos que perdoamos, mas em compensação nunca esquecemos, dizemos que amamos, mas suspeitamos mal, dizemos que vai ser pra sempre, mas só é infinito enquanto dura. Dizemos: assim você me mata, nunca mais, garota de ipanema, o que era cheia de graça, virou uma melancia, uma coisa, um objeto, nunca mais um poema. O que antes era na riqueza e na pobreza, tornou-se: só quando houver riqueza. Que recompensa esperar diante de tantas más compensações?

Conhece alguém assim? Esse somos nós, ambivalentes a um nível quase insuportável, mas em compensação alguém chamado Jesus nos ama, sem precisar de compensações. Nos abraça, mesmo não sendo por nós abraçado, nos aguarda mesmo nos vendo ir para longe, nos compreende, mesmo sabendo que Ele não foi compreendido, diz conta comigo, mesmo sabendo que por nós foi crucificado, é a verdade, mesmo sabendo que a nossa vida muitas vezes é uma mentira, liberta mesmo sabendo que não sabemos gerir a liberdade. Nos chama de filhos amados, mesmo sabendo que podemos estimá-lo apenas como se ele estivesse morto numa cruz.

Ele não é como nós
Andre Luiz


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